Cadê minhas palavras?

Pra vocês direto do No Trocar das Linhas 

Cadê minhas palavras?


Computador na frente, configurado,
Esperando que as palavras sorrateiramente,
Deem significado, ao que chamam de “Novo documento”.
A heroína, xícara de café preto ao lado,
Fazem com que os olhos continuem abertos,
Mesmo que o corpo implore pelo contrário...
Preciso escrever...
Escrever sobre você...
Mas minutar o quê?
Se todas as palavras já foram usadas!
Já foram ditas, e retidas?
Se mais nenhuma palavra explica isso?
Muito menos resolve?
Saio na janela, e o cheiro de óleo queimado,
Que sai da descarga do carro do vizinho,
Não é muito inspirador.
(Maldito Fusca 76).
O chiar da chaleira, no fogão,
Faz-me levantar e ir desliga-la...
Porra, tá cheio de gente aí!
Porém a única pessoa que eu queria que estivesse...
Não está...
E... Vamos ser realistas...
Nunca estará...
O que SCHOPENHAUER classificava
Como a força infinita que rege o mundo...
Fez meu mundo parar...
Qual a razão de insistir em um sentimento...
Que tem como codinome: ”Sofrimento”?
Mas afinal, o que é a razão?
Já se vão 90 minutos de tentativas...
De insistência para ver se algo de satisfatório sai nessa folha em branco...
Maldita contumácia...
O jeito é
Encerar por aqui,
Até por que...
O café está acabando...