Os campos estão morrendo
meu filho arde em febre minha mulher ficou louca
o gado seco,mórbido,paralisado
como um quadro de Portinari
quando olho ao longe
vejo a paisagem modular conforme o
grau de minha loucura,posso
até dizer que vi um homem de chifre
acenando pra mim
sento na beira do poço
largo e fundo, puxo
a corda mas o balde sobe vazio
grunhindo nas paredes como garras que
percorrem paredes de vidro e
balança com o vento que penetra na
terra secando até mesmo os lençóis
freáticos que não passam de tubulação
para a desesperança do homem pobre
sem dinheiro e comida devorei meu braço
dei minhas pernas aos filhos o peito a esposa
ao gado meu pescoço e aos cães o que resta
mas fora só um sonho,e como todo sonho
inalcançável,será?já não ouso mais o lamentar
da fome.
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